- Escuta. – ele aumentou o rádio e me olhou rápidamente com
um sorriso.
Me atentei a letra.
- I won’t give up, on us, even if the skies get rought.
Essa música era realmente uma verdadeira
perfeição.
- E eu quero que
saiba que nunca vou desistir de nós, apesar de qualquer coisa ou pessoa, vou
ser sempre a estrela que brilha no céu para te guiar, serei o calor quando você
precisa ao estar com frio e a mão a te segurar quando você cair.
Quando ficamos muito
tempo longe um do outro é isso que dá. Altas declarações.
Pigarreei ao ver que
estava sem palavras, tentando exprimir toda a emoção que tomava conta de mim,
todo o amor que eu tenho se multiplicando por ele por todas as palavras
faladas, e sabendo nos poucos segundos que ele pode me olhar nos olhos – por causa
da estrada – que era tudo verdadeiro.
Engoli o nó na
garganta e acariciei sua bochecha.
- Parece que mesmo
sendo impossível, te amo cada vez mais, e saiba que também nunca desistirei de
nós.
Seu sorriso radiou
por alguns instantes e ele virou a cabeça para beijar minha mão.
Foi quando chegamos
na frente do hotel, e eu fiquei satisfeita por poder finalmente ter toda sua
atenção pra mim. Pelo menos por alguns segundos já que entraríamos no hotel.
Desci do carro ao
mesmo tempo que ele, e antes de entrarmos ele me deu um mini beijo.
Entrando no hotel,
vimos o homem que eu achei que me venderia para a Tailândia – o dono do hotel
-, conversando com um funcionário. Fiquei com vergonha por ter pensado aquilo
dele, ainda mais quando ele acenou. Retribuímos o aceno e Justin começou a rir.
Olhei pra ele com a
sobrancelha arqueada.
- Você estava
realmente com medo dele? – perguntou descrente.
- Olha, sou uma
mocinha do Brasil, sem experiência fora da Pátria, mesmo que tenha ido para o
Canadá uma vez, então, ainda vejo vários crimes que cometem contra
estrangeiros. Claramente ele podia ser alguém que me sequestraria e me venderia
para a Tailândia para ser abusada por muitos caras!
Minha teoria o fez
rir mais ainda e eu fechei a cara.
- Por que Tailândia?
- Não sei... – pensei
sobre isso um pouco e eu realmente não sabia o motivo de tê-la escolhido - Mas
é verdade! Você não assiste o noticiário?!
- Claro, mas não viu
o crachá dele? – me disse em tom zombeteiro.
- Querido, nunca
ouviu falar em impostores? Esses caras fazem tudo na surdina.
Tudo bem que eu não
tinha visto mesmo o crachá.
- Oooh meu Deus, tá
bom. Tudo bem, mas não precisa ter medo, estou aqui para te proteger. – ele beijou
minha bochecha e eu sorri.
- Aí sim senti
vantagem.
Chegamos no quarto do
hotel e eu respirei fundo.
Acho que me
encrenquei. Me lembrei de como meu pai é e de que havia deixado só um bilhete,
dizendo que estava com o Justin ainda.
Ele apertou minha mão
ao sentir minha tensão.
- Vamos lá, enfrentar
o sogrão. – disse para descontrair.
Eu sorri e bati na
porta. Depois de dois toques, minha mãe abriu.
Sua expressão era uma
clara repreensão.
- Olha mãe, o Justin.
Bom dia.
Ela respirou fundo, e
eu sabia que pela educação que tanto zelava, guardaria a bronca para mais
tarde.
- Oi (sua mãe).
Quanto tempo! – Justin soltou minha mão e pegou minha mãe num abraço forte.
Esses estrangeiros
não são tão calorosos desse modo, mas como a convivência comigo, Justin estava
se tornando assim. Pelo menos com a gente.
E eu sabia que foi
também, uma tentativa de amolecer dela. Segurei o riso e vi a cara da minha mãe
ir se desarmando.
- Oi Justin! Saudades
meu filho! Deus te abençoes. E aí, como andam as coisas?
Estreitei os olhos
disfarçadamente.
Nada bem.
- Amém. Vai tudo ótimo, e com você?
Ótimo?! Serio?!
- Vamos muito bem, graças a Deus. Vamos entrar.
Justin pegou minha
mão de novo.
- Olha, trouxemos pra
vocês. – ele estendeu o saco da padaria La
Bella e mamãe pegou-o.
- Que ótimo! Quanta
gentileza, obrigada.
Percebi que papai
ainda dormia.
Ufa. Obrigada Senhor,
fico te devendo essa.
Minha mãe deixou a
sacola na escrivaninha e pegou o bilhete que eu havia deixado, amassando-o.
Que anjo, seria
melhor ainda se ela não contasse a ele.
- E então, estão
sujos de areia. O que aconteceu? – ela olhou para o meu braço onde tinha um
pouco de areia, mas eu jurava que tinha tirado tudo!
- Bom, acabamos... caindo
na areia.
- Hmm... – ela assentiu
desconfiada, e então me fitou – Aposto que é culpa da (seu nome).
Eu arfei indignada e
eles começaram a rir..
- Nem sempre eu sou a culpa de tudo, mamãe.
Papai murmurou algo
ininteligível e paramos de rir.
- Então... hã.. – ela olhou para os lados e eu captei os
sinais.
- Ér.. podemos..
hmm... ir na sala de jogos?
- Claro. – ela suspirou
aliviada e eu sorri.
Saí puxando Justin do
quarto. Bom, o lugar não era muito grande, e meu pai estava dormindo. O
problema era: Justin Bieber é meu namorado que estou levando para ficar em
público sem nenhum disfarce.
- Estou agradecido que
dessa vez você não me encherá de roupas esquisitas. – ele empurrou seu ombro
contra o meu, pegando sem querer, exatamente no ponto que e estava pensando.
- É, mas as roupas
esquisitas te esconderam de toda a confusão que você provavelmente causará
agora.
- Você não pode saber.
Mesmo que ele
estivesse de cabeça baixa, nada e logo o reconheceriam.
Esperei-o rir, mas no
contrário, ele deu um suspiro cansado, o que me fez olhá-lo preocupada.
- Às vezes isso me
cansa, muito. – confessou antes que eu pudesse perguntar.
Dei um meio sorriso
tristonho e acariciei sua bochecha com a mão livre.
- É a vida que você escolheu, meu amor.
- Eu sei, mas eu
queria poder ser normal. Pelo menos um pouco, gostaria de não ter que me isolar
da sociedade para me sentir a vontade, onde eu andasse e ninguém me olhasse “
olha é o Justin Bieber! Aquele garoto que canta baby e está virando um mala.”
Percebi o toque de
mágoa em sua voz. Ao invés de respondê-lo rapidamente, esperei chegarmos à sala
de jogos, já que faltava pouco.
Chegamos lá e eu o
puxei para trás da mesa de sinuca, fazendo-o se sentar no chão ao meu lado. E
em todo momento ele não disse nada, pensando em alguma coisa, talvez em todas
elas.
Tirei minha mão da
sua e peguei seu rosto em minhas mãos, olhando fixamente os olhos caramelos que
eu tanto amava. Havia tristeza neles, agonia e um pouco de raiva.
Ele estava tão bem na
praia, o que havia mudado?
- Justin, meu anjo, fique
calmo. Você tem que deixar pra lá, deixe olharem e comentarem, se importe só
quando fãs quiserem sua atenção, porque sabe que isso importa, e é por isso que
estamos juntos. Sua vida mudou e você não pode voltar atrás. Mas pense pelo
lado positivo, sempre pense pelo lado positivo, você está vivendo o que muitos
queriam viver, uma coisa que só algumas pessoas conseguem. Olha, todo o mundo
te conhece, não acha isso incrível?
- (seu nome), esse
tem sido o problema, todos me conhecem. – enquanto ele falava, era mais do que
lógico que sua boca se mexesse, mas como estávamos perto, eu estava me
controlando para não lascar-lhe um beijo na boca.
- Jus, olha nos meus
olhos. O que você vê?
Ele ficou me
encarando por alguns momentos e eu me sentia como em um show de hipnóse.
- A garota que mais
amo na vida. O meu mundo todo expresso nas irís da cor mais perfeita que existe.
Eu sorri e respirei
fundo.
- E acredita em mim?
- Com toda certeza.
- Então acredite
quando eu digo que vai ficar tudo bem e que eu estou aqui para sempre para te
trazer de volta à realidade.
Seu sorriso em
resposta me fez sentir especial porque eu vi ali que o temos não é tão comum.
- Deixa eu perguntar,
onde você estava esse tempo todo?
Entendi o que ele
dizia, e comecei a rir.
- Você só tem 20 anos
meu querido. Mas de qualquer forma, eu estava no Brasil.
Ele riu.
- Droga, sabia que
devia ter ido para o Brasil antes. – brincou comigo e eu ri.
- Sei.
Seu sorriso foi se
desmanchando, para se tornar aquela expressão intensa.
E ah, como eu amo
quando essa expressão chega. Essa é a hora que ele me beija.
Seus olhos se fixaram na minha boca por alguns instantes, e
seu dedão passou a acariciar minha bochecha. Involuntariamente, minha cabeça se
virou devagar para sua mão, e seu dedo escorregou para a minha boca. Ele o
passou em cima dela e escorregou para meu queixo puxando-o de modo sutil, até
encostar seus lábios nos meus.
Não sei se prefiro
quando ele me beija assim de modo lento e suave ou do jeito mais urgente. Os
dois são literalmente meu vício, e cada momento exige um deles.
Me deleito em todos
eles.
Não é beijar só por
beijaar. É beijar para expressar o amor, o modo como nossos lábios se encaixavam
e são separados com dificuldade, como se fossem um só, não algo muito comum. Esse é um beijo, porque em um beijo está incluso
mais complexidade do que as pessoas pensam, é o encontro dos sentimentos,
compartilhamento das sensações. Fico feliz que ele seja a única pessoa com quem
pude me entregar desse jeito.
- Está melhor agora? –
olhei fixamente em seus olhos.
Ao invés de me
responder, ele voltou a me beijar.
É disso que o povo
gosta.
- Obrigado por
existir. – me disse entre pequenos beijos.
Eu quase ri da
inversão dos papéis
- Sabe, antes eu que
te agradecia quase todos os dias pela sua existência e você nunca respondeu
nada.
- É que... não deu.
Desculpa. – ele fez um bico de culpa e eu ri.
- Tudo bem, o que
importa é que estou aqui com você agor. – soltei seu rosto e joguei meus braços
ao redor de seu pescoço, sentando no seu colo e me aninhando como um bebê.
Sua mão direita
passou em torno das minhas costas e a esquerda começou a acariciar meu rosto.
- Shawty.
- Hm? – abri os olhos
e olhei seu tosto, só percebendo aí, que os tinha fechado.
- Eu tive uma ideia.
Analisei sua
expressão e ele estava entusiasmado, ao mesmo tempo, com cara de criança
arteira.
- E qual é?
- Sabe.. quando você
fica em um hotel, tem que pagar uma diária, e elas não são nada generosas...
- Realmente. –
concordei, tentando decifrar onde ele queria chegar.
- Então...
provavelmente seu pai irá querer ficar menos por isso..
- É verdade...
- Bom.. eu conheço um
lufar de graça. E é bem acolhedor e aconchegante. Aqui em Los Angeles mesmo. –
ele não conseguiu conter mais conter seu sorriso presunçoso.
Comecei a
ter uma pequena ideia do que era. E se fosse isso mesmo, daria um trabalho
danado.