Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

One Love 10

Caitlin estava praticamente feliz, apesar do começo desastroso de seu aniversário. Levando em conta ainda que quase tivemos que enterrar Ryan devido a sua teimosia em não me deixar sozinha com Annelise. Ele ficara o tempo todo atrás da porta, ouvindo, prestes a interferir caso fosse necessário.
Como se eu já não tivesse coisa demais para pensar, fora mesmo obrigada a ir ao Park Stable. Com a desculpa bem aceita de que eu vomitaria no cavalo se subisse em um, me limitei a tirar fotos, correr atrás deles e provocá-los. Pelo menos hoje, não podia demonstrar a Caitlin que estava morrendo fisicamente e mentalmente. E tentei muito não pensar no desastre acumulado que o destino me preparava.
Se a companhia possuísse mesmo meu contrato, poderia pedir a Maya para descobrir para mim? Depois de um segundo, concluí ser burrice. Ela com certeza era mais leal ao emprego do que a alguém que acabara de conhecer. A dúvida se prendeu à parede do meu cérebro. E se sua receptividade com a minha aproximação fosse mais uma estratégia dos Biebers?
Ryan me pedira para deixar toda a influência da conversa com Annelise para o dia seguinte, mas era minha cabeça na bandeja. Era ele o despreocupado com a vida, não eu.
Abrimos a porta do apartamento escutando Ryan dizer alguma besteira. Caitlin se encontrava sob o efeito do riso frouxo, então gargalhava jogando a cabeça para trás. Eu entrei primeiro, e mesmo no escuro podia distinguir as silhuetas paradas no meio da sala, me deixando estagnada onde estava. Antes que eu pudesse pensar em alguma coisa, um clarão invadiu o ambiente.
— SURPRESA! — gritaram em uníssono.
Caitlin deu um gritinho assustado, em posição de ataque, e aos risos, seus parentes e amigos começaram a cantar o hinário Parabéns. Eu me juntei a eles, reparando na faixa colada em nossa janela dizendo “Feliz aniversário, Cailtin” e balões verdes espalhados por todo canto cheios de gás hélio. Pelo canto do olho, vi um sorriso presunçoso e satisfeito nos lábios de Ryan. Dava para notar em sua testa, um pouco maior do que o tamanho convencional, que ele organizara. Não fiquei chateada por ter me deixado de fora, mas ainda assim era estranho.
A maioria das amigas de Caitlin dali eram modelos, colegas de trabalho da agência em que ela trabalhava. Então, como um ato de piedade com minha autoestima já abalada o suficiente por um dia, me enfiei em meu quarto, extremamente grata por ter limpado mais cedo. Tomando por base a roupa dos convidados, eu não podia ficar totalmente desleixada. Sendo assim, depois de um banho minucioso, estudei meu guarda roupa, mas, repentinamente, observei toda intenção de me arrumar se dissipar. A quem eu queria impressionar? E por que?
Vesti um short jeans e uma camiseta manga longa de lã folgada na cor bege estampada com uma cruz preta. Saí de cabelo ainda molhado nas costas e chinelo. Não estava tão ruim quanto antes, esperava que não envergonhasse minha amiga.
De volta à sala, eles não pareciam ter sentido minha falta. Caitlin conversava com seus pais, e Ryan com as modelos. Exclusivamente por minha situação de anfitriã, não recuei em passadas ligeiras para meu quarto, montando um sorriso hospitaleiro no rosto.
Notei o indivíduo tão deslocado no espaço quanto eu antes que se dirigisse a mim. Em situações de desconforto, o primeiro passo para uma válvula de escape é encontrar pessoas na mesma situação, assim um elo de segurança se cria. De qualquer modo, tinha quase certeza de que essa não era a razão primordial de Rafael.
— Por um momento pensei que estava fugindo pela janela — ele disse bem-humorado, tomando um gole do que parecia ser refrigerante.
Usufruindo de um autocontrole escasso, não lhe perguntei diretamente o que fazia ali. Segunda visita surpresa no meu apartamento, sendo que eu não lhe dera meu endereço, em dois dias. Inicialmente, culpei Caitlin por convidá-lo, até perceber ser uma tarefa meio impossível já que a festa fora surpresa. Assim, concentrei meu olhar acusador em Ryan. Quem mais poderia ser? Logicamente Caitlin havia lhe dito alguma coisa, e aqui estavam os resultados. No exato momento, Butler captou a energia negativa, arqueando suas sobrancelhas sugestivamente para mim. Completamente culpado e nada arrependido.
— A tentação é grande — respondi, talvez um pouco tarde demais.
Rafael deu uma risadinha descontraída. Por algum motivo desconhecido, ele era uma pessoa difícil de se abalar.
— Você não gosta muito de festa, não é? Muitas pessoas juntas. Ou, porventura, despreza as próprias pessoas.
— Não me incomodo com muitas pessoas juntas — rebati — E gosto de festas em que posso ficar bêbada. Falando nisso... — sem outro aviso prévio, me conduzi à cozinha para pegar um copo de água, a sede avassaladora em consequência da noite anterior ainda não havia passado.
Ele veio atrás de mim, se escorando com certo charme no balcão de granito preto que separava a cozinha da sala.
— Teria a ver com a música então?
Rihanna nos embalava com sua voz potente através de nosso som estéreo, me lembrando vagamente da minha conversa com Hanna no ano anterior. Estávamos na festa de aniversário de Clarissa, a ruiva, nossa colega de classe, fissurada no meu irmão; e intimidada pela organização magnifica, me pedira para contratar Rihanna para minha festa de 21 anos. Na realidade totalmente paralela àquele tempo, não quis ao menos que me desejassem feliz aniversário. O que havia de feliz naquela data? Minha última lembrança dos números 02-05-1996 era o código que usara para desbloquear o celular de Justin. Uma vez, eu havia lhe dito que de presente de aniversário apenas desejava que não o esquecesse. Ele reconfigurara o código como uma prova de que não o faria. Neguei veementemente quando tentaram me convencer a ir para Boston apenas por um dia, e mesmo contra minha vontade, Hanna, Caleb e Wren, vieram me visitar. A maior parte do dia eu não estava sóbria, então só conseguia me lembrar de que eles não foram embora muito contentes.
— Tudo bem, você detesta a música — Rafael concluiu, me tirando dos meus devaneios.
Eu pensava em como até Clarissa podia ser um lembrete de Justin na minha vida. Em sua festa, Justin esmurrara Charles por supostamente pensar que ele me beijava contra minha vontade e terminamos a noite dando nosso primeiro beijo. A outra memoria voltava ao dia em que eu descobrira que ele havia sido contratado para me matar, então fugi de sua casa e Clarissa me emprestara o celular para ligar para Hanna me resgatar.
— Não é culpa da Rihanna — argumentei, enchendo meu corpo de água mais uma vez, como se suas substâncias neutras pudessem cuidar do meu vazio.
— Sabe o que eu acho? Você tem mais a ver com rock, alguma coisa sombria na sua expressão me dá a dica.
Cética, franzi o cenho pra ele.
— E sabe o que mais? Metallica vai vir para cá na sexta-feira. Quer curtir um pouco de música de verdade? — ele arqueou a sobrancelha, certo de que aquela se tratava de uma oferta irrecusável.
Em quantos segundos eu esgotaria todas as formas de dizer não? Joguei toda a responsabilidade de ser obrigada a dar mais um fora em Rafael no Ryan.
Metallica? Sério?
— Acho que você consegue companhia melhor. Não gosto de Metallica.
Ele realmente pareceu confuso e surpreso com minha resposta, e achei que aquela era minha deixa, me esgueirando para perto dos Beadles. Sandi e William me olharam com sorrisos felizes, eu via em seus olhos o quanto estavam contentes por finalmente estarem perto de Caitlin. Essa era a primeira vez em que eu os conhecia, e antes mesmo que dissessem uma palavra, já gostava deles, pareciam ser o tipo de pessoas que deixam a atmosfera leve só com sua presença. Sandi tem os olhos azuis como os de Caitlin e um cabelo liso platinado, ao contrário de William que possui um cabelo castanho ralo e olhos da mesma cor.
— Você deve ser a grande amiga de Caitlin da qual ela tanto fala! — Sandi abriu os braços, tomando a intimidade de me acolher com um abraço — Ficamos felizes em finalmente conhecer você!
— Igualmente! — respondi, inesperadamente me sentindo à vontade.
William também me abraçou. Eles não eram nada do que eu esperava. Caitlin não lhes contara a verdade sobre como Chris morrera, mas eu não achava que com todo esse carisma eles pudessem culpá-la.
— Sei que Caitlin ainda não te convidou — Sandi disse com um leve tom de repreensão — Mas quero que saiba que nossa casa estará sempre de portas abertas à você. Temos um lar um tanto aconchegante em Atlanta.
Eu assenti agradecida, sabendo que se tratava também de uma cutucada em Caitlin. Queria dizer que ela poderia viver em condições melhores se morasse com eles.  
— Quem sabe você não pode convencer Caitlin a voltar a morar conosco? Também temos um quarto reservado a você.
Caitlin revirou os olhos dramaticamente, terminando com uma encarada para Sandi.
— Mãe — reprovou, não tão a sério assim.
— Você sabe como os pais são — Sandi abanou a mão para mim, passando o braço em volta de Caitlin — Vai me dizer que seus pais não te imploram para voltar para casa também?
Dei uma risadinha nervosa, concordando. A diferença era que Sandi e William não tinham o mínimo de parcela de culpa na decisão dos filhos se mudarem de casa, por outro lado, Eleanor e Bryan eram parte de pelo menos metade da minha vontade de ir embora.
— Sempre.
— Mas não interessa o que vocês façam, sempre vamos amá-los mais do que tudo. Vocês não sabem o efeito que tem em nós ficarem ao menos algumas horas longe. Imaginem meses! Entenderão quando tiverem os seus — o sorriso dela vacilou no rosto, e eu soube que pensava em Christian também. Ela apertou Caitlin um pouco mais forte, os olhos ligeiramente mais molhados.
Me senti uma intrusa, então levantei a mão como um pedido de licença para me afastar.
Invejei a relação deles, entrando em desacordo com a decisão de Caitlin de se manter afastada. Eles precisavam superar o luto juntos, e estava na cara que seus pais tinham muito amor para lhe dar. Mesmo sem querer, pensei em Bryan e Eleanor. Eu recusava todas as ligações que eles me faziam, então não nos falávamos há meses. Eles também não tentaram aparecer na minha porta, sabiam que seriam tão bem acolhidos quanto um ninho de cobras. E apenas por um momento pensei se estaria fazendo a coisa certa. Devia ter aprendido com Justin que não sabemos por quanto tempo teremos as pessoas em nossa volta. Se eles morressem, como eu me sentiria?
Toda essa linha de raciocínio durou por um segundo inteiro, mas depois, tudo entrou em ordem novamente. Era culpa deles que minha vida estivesse uma droga agora. E eu não os perdoaria por isso.


— Abençoado seja Rafael Mendez! — Hazel juntou as mãos, representando uma prece à Rafael como se ele fosse mesmo um anjo — Não fechamos nem uma semana desde o contrato e nossas vendas já aumentaram consideravelmente! — comemorou.
Ela estava diante do computador, os olhos esbulhados de ganância. Pensei em como seria péssimo se eu o fizesse cancelar o contrato porque já recusara sair com ele duas vezes. Ele contaria a ela o motivo de querer seus quadros bem longe de mim ou me deixaria fazer o trabalho difícil? Tinha certeza que Hazel encontraria uma punição para mim pior do que apenas a demissão.
— Eu só tenho acertado ultimamente — se gabou, colocando as mãos atrás da nuca e se recostando na cadeira — Primeiro, contratando você, depois ele. Eu abençoo essa união.
Essa era o mais perto que ela já chegara de um elogio para mim, mas óbvio que terminaria com as palavras erradas. Seus olhos ardilosos se voltaram para mim.
— Soube que ele está solteiro — me disse, convencida de que estava me fazendo um favor.
Fingi estar arrumando os quadros nas paredes, buscando a perfeição do visual.
— Ele é muito bonito. Essa é a hora de avançar. Na inauguração, todas as mulheres estavam de olhos nele. Além do mais, todos sabem que gente apaixonada produz o dobro no trabalho. Ele ainda aumentaria a parcela do que nos é devido e teria um gosto maior de permanecer com a gente.
Implorei para que qualquer cliente passasse pela porta, atender um bêbado fedido arrogante seria melhor do que continuar aquela conversa.
— E então, o que me diz? — Hazel insistiu, impaciente.
Suspirei.
— Você quer que eu seduza Rafael para manipulá-lo?
Se ela soubesse das visitas que ele andou me fazendo...
— Você está vendo da forma errada — replicou ela com cara de coruja seca que chupou limão — Só queremos deixar ele feliz.
— Ele pode contar com minha amizade transparente — aleguei.
Na verdade, até agora, tudo o que eu havia lhe dado era minha sinceridade. Depois de lhe dizer que eu não iria ao show do Metallica, tentei me redimir, e levei a ele um pedaço da pizza que haviam comprado, puxando assunto sobre o que eu havia aprendido em Harvard. Com isso, Rafael ficou até cortarmos o bolo, e acabei concluindo que eu estava perdoada.
— Por hora, tudo bem — finalizou, mas disse como se o assunto não estivesse encerrado.
Contive minha vontade de bufar e finalmente um homem de camiseta cáqui entrou pela porta. Pela primeira vez na história daquela clientela, fui ansiosamente atendê-lo.
Apenas uma hora depois de toda aquela conversa constrangedora, sete da noite, Rafael adentrou a galeria vestindo uma camiseta social azul e carregando uma caixa pequena retangular de isopor. Eu quase choraminguei, prevendo os próximos movimentos de Hazel.
— Mendez! — ela deu um pulo da cadeira, radiante. Do modo que seus olhos brilhavam, eu sabia que mesmo querendo jogá-lo para cima de mim, Hazel se perguntava o que ele achava de mulheres um pouco mais velhas — Estávamos mesmo falando de você!
Os olhos impassíveis dele se desviaram para mim.
— É mesmo? Boa noite, garotas. Pensei em fazer companhia à Faith para o fim do expediente, ela pode me ensinar um pouco de persuasão.
Palavras erradas, Rafael.
Ela me jogou um olhar sugestivo.
— Concordo plenamente, vocês dois tem muito a ensinar um ao outro.
Ele riu com ela vagamente, investigando entre nós duas.
— Bom, eu tenho que ir pra casa agora, mas sinta-se à vontade! Faith precisa mesmo de companhia, aqui pode ser um pouco perigoso às vezes.
Hazel se apressou para recolher as coisas e partir, me fitando significativamente antes de desaparecer.
Rafael se aproximou e colocou a caixinha no balcão.
— Pensei que estaria com fome — disse orgulhoso de si mesmo, abrindo a tampa e dando visão para uma porção generosa de batata frita.
Qual era o problema desse homem? Ele devia ter um manual para dar tanto fora assim.
Forcei um sorrisinho e fiz minha melhor expressão de desculpas.
— Eu não gosto de batata frita, perdão. Mas obrigada pela consideração.
Rafael permaneceu parado por um tempo, perplexo, concentrado em algum pensamento. Imaginei se era a hora em que ele dizia ter terminado o contrato com a galeria, e tremi na base.
— Claro que não — murmurou baixo, se apoiado no balcão e coçando o queixo — Estão tentando me sacanear.
Eu recuei na cadeira, hesitante.
— Está com raiva de mim?
Ele pareceu surpreso com minha conclusão, balançando a cabeça com energia demais.
— Não, a culpa não é sua que dou ouvidos a péssimos conselhos. Ou os conselhos são péssimos, ou você realmente não gosta de estar perto de mim.
Eu ri com nervosismo, começando a batucar com os dedos na mesa.
— Não tenho nada contra você, acredite. Andou recebendo conselhos sobre mim? De uma garota esbelta de olhos azuis ou um o Pouco Cabelo castanho/louro escuro despreocupado?
Quem mais poderia ser? Primeiro o lance com as estrelas, o show do Metallica e agora as batatas fritas. Isso sem contar que ele de repente conseguiu meu endereço e foi convidado para a festa de Caitlin. Eles sabiam que eu não gostava mais dessas coisas, mas podiam estar esperando que Rafael pudesse curar essa minha aversão e me trazer de volta a antiga versão de mim mesma. Mais patético impossível.
Rafael veio para o meu lado do balcão, sentando na cadeira de Hazel e virando-se para mim. Após recostar-se nela e cruzar os braços, disse:
— Ele não parecia ser tão despreocupado assim, mas esqueça.
Eu mataria Ryan com minhas duas mãos.
— Tá, os conselhos podem ter sido ruins, só que não são completamente responsáveis pela sua resistência. Quem é ele?
— Ryan? Um propenso careca que se acha minha babá — revirei os olhos — Sorte dele que é um cara legal.
Rafael riu, mas negou com a cabeça, os olhos atentos e compreensivos em meu rosto.
— Não estou falando do seu amigo. Estou falando do cara que quebrou seu coração.
Eu não esperava que ele tomasse essa direção, então fiquei sem fala por um tempo. Desviei meus olhos para a blusa, mexendo na barra dela, eu estava preparada para dizer “ninguém”, só que Justin era tudo, menos ninguém. Parecia terrivelmente errado manchá-lo dessa forma, mesmo que Rafael não soubesse sobre o que eu estava falando. Antes mesmo que eu pudesse pensar, as palavras escapuliram:
— Ele foi embora — eu disse, numa forma muito amena de retratar o que realmente acontecera.
Sua mão tocou meu joelho carinhosamente, me transmitindo força e provando que eu não estava sozinha. Mas, de fato, eu estava.
— Ele foi um idiota — Rafael soou um pouco revoltado.
O encarei.
— Não, ele não foi.
Rafael meneou a cabeça com cuidado, percebendo minha hostilidade.
— Não foi uma escolha inteligente a de te deixar.  
Levantei um ombro para transparecer indiferença, porém, pareceu mais ter se contraído por dor.
— A culpa foi minha.
Ele apertou os olhos, indignado.
— Você não devia se culpar por essas coisas. Todos nós temos escolhas, se ele quis partir, foi por vontade própria.
Neguei.
— Você não entende...
— Pode ser que não. Mas sei que o que ele fez foi resultado de sua decisão. Você pode achar que tem alguma influência nisso, só que no fim do dia, era ele e a própria consciência.
Passei as mãos no rosto, me livrando do sentimento desagradável, deixando-o se abrigar ao vazio inflamado em meu peito.
— Não quero falar sobre isso.
Rafael assentiu, com ousadia levantou meu queixo, me olhando nos olhos.
— Prometo não tocar mais no assunto se prometer sair comigo amanhã.
Eu vacilei e um sorrisinho confiante puxou o canto da sua boca.
— Nada de batata frita, Metallica ou estrelas. Eu mesmo peço sua dispensa à Hazel.
Expirei devagar, eu não podia lhe dar um terceiro fora. Então olhei para as batatas em cima do balcão e tive uma ideia brilhante. Já que estávamos falando de negociações....
—  Concordarei se me deixar chamar minha amiga Maya para nos fazer companhia agora à noite.
Depois da intimidação de Annelise, meu tempo estava acabando, era agora ou nunca. Se eu não descobrisse alguma coisa logo, da minha cova que não poderia ser útil.
Rafael respirou fundo e se recostou à cadeira, gesticulando com a mão.
— Vá em frente. Mas assim fica me devendo mais alguma coisa.
Sem pensar muito no assunto, concordei e peguei meu celular da bolsa, digitando rapidamente a mensagem:
“Venha para a galeria AGORA ter seu encontro com Rafael, esteja preparada para o máximo da sedução. Traga bebida. Aos montes”

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que achou do capítulo? Conte pra mim, eu não mordo ><