Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

One Love 20

Eu nunca tive paciência para esperar. Sempre me pareceu como perda de tempo. Só temos uma vida. Os segundos são preciosos. Gastá-los vegetando não é uma coisa inteligente a se fazer. Naquela ocasião, contudo, era necessário. Precisávamos esperar meu cérebro processar todas as novas notícias, e, só assim, fazer alguma coisa sobre.
Mas Justin também não era um homem de esperas.
— Diga alguma coisa.
A julgar pelo seu modo de falar e me olhar, notava-se que a ansiedade o coagia a preferir que eu o esfaqueasse a contribuir com a agoniante expectativa. Expectativas são terríveis, eu não podia discordar. Ele mesmo me fez criar muitas. A pior delas foi ano passado, quando imaginei que ele forjara a própria morte para fugir comigo. Passei longas noites em claro no vento congelante que vinha da minha sacada aberta. No fim, ele havia forjado sua morte, mas para ficar longe de mim.
— O que você quer que eu diga?
Dentro de mim, eu podia sentir que a organização se findava. Logo mais, meu cérebro teria elencado a emoção predominante.
— Não cabe a mim decidir isso.
Deboche fresquinho permeou meu rosto lentamente. Aquela era uma novidade. Eu não tinha uma expressão específica desde que o vira no campo.
— Tem certeza? Sempre é sobre você. O que você acha melhor pra mim, quem, quando e onde. Não quer me dizer como devo me sentir também?
— Nunca quis que parecesse dessa forma.
Justin não ia negar aquilo, muito menos admitir, mas ambos sabíamos da verdade. Ele determinou quando começaríamos uma relação superficial — depois amadurecida — e mais tarde o nosso fim. Ou melhor, o meu fim. E mesmo assim, não pode me deixar fazer minhas próprias escolhas sem ele, empurrando Rafael para cima de mim com truques baratos ineficazes. Ele me manipulava desde o dia em que nos conhecemos, tomava decisões por mim e me moldava conforme achava melhor. Mesmo quando o assunto competia exclusivamente a mim. A ponto de ter fingido sua morte por pensar que eu merecia coisa melhor. Como uma pessoa adulta e plenamente capaz de fazer minhas próprias escolhas, ser minada dessa forma me deixava furiosa.
Pior, aquela não fora mais uma escolha banal que ele fizera por mim. Se tratava de algo que me agonizara por meses, me fizera perder minha identidade e por vezes desejar a morte. Ele me machucou da forma mais terrível existente.
E aí estava. Eu podia sentir a adrenalina vibrar desde a ponta dos meus dedos, me fazendo identificar o sentimento predominante escolhido a dedo por meu cérebro: raiva.
— Mas pareceu porque é a verdade. O que se passou pela sua cabeça, Justin? Nunca chegou a cogitar que essa decisão cabia a mim? Você deixou bem claro o seu ponto de vista de que não era a pessoa certa pra mim. Porém, sabia que eu tinha a opção de superar tudo por você. Você disse que mudaria por mim, e livremente, preferi participar da sua vida a ficar sem você. Eu havia acabado de descobrir que não podia te perder, e não sabe o júbilo que senti por ao menos sonhar com a hipótese do caminho que teríamos pela frente. Eu estava disposta a morrer com você naquele dia, e por mim, tudo bem, porque estávamos juntos. Então você simplesmente decidiu que eu tinha que seguir em frente dessa forma? Mesmo vendo tudo isso nos meus olhos e depois de dizer que me amava? — passei as costas das mãos no rosto, limpando-o. Eu não havia terminado — Não queira jogar toda a responsabilidade em cima de mim. No fundo, você estava mais sendo covarde. Se assustou com a possibilidade de amar alguém além de você mesmo e se entregar para essa relação. Fugiu da sua promessa de mudança porque não queria arranjar forças pra isso. E ao invés de ter coragem e me olhar nos olhos pra me contar, teve a capacidade de me fazer pensar que estava morto.
Embora estivesse meticulosamente imóvel, eu podia ver em seus olhos o quanto minhas conclusões o perturbavam. Sua cabeça já negava ligeiramente antes que ele me rebatesse.
— Faith...
— Você me viu agonizar e não fez nada! — de repente, minha voz saiu num grito.
— Eu achei que estava fazendo o melhor pra você, depois daquilo, melhoraria.
Olhei bem para a cara maravilhosa dele. Como uma criatura com rosto de anjo podia causar uma dor dos infernos? Mais uma prova de que ele estava vivo, o fato de despertar sentimentos tão contraditórios em mim simultaneamente. Eu queria abraçá-lo para nunca mais soltar e esmurra-lo até todo o sangue jorrar de seu corpo em partes que ele nem achava possível.
— Odeio ter feito isso com você, odeio que tenha passado por tudo isso por minha causa, como odeio o dia em que você teve o infortúnio de me conhecer.
Ele ultrapassou os limites. Foi o que bastou. Reverberou pela campina o tapa que dei em seu rosto. Imediatamente, a marca da minha mão emergiu em sua pele clara. Meu gesto não foi surpresa pra ele, mas para mim. O sangue foi sugado de minhas veias e dei um passo para trás como se pudesse retirar a violência. Repudiei-me por lhe causar dor, mas não pediria desculpas por isso.
— Esse é o mínimo que mereço. De qualquer forma, não me arrependo de ter tentado me apagar da sua vida.
Palavras erradas. Comandada por um impulso impossível de resistir, fundamentado em minhas “novas habilidades”, atingi o outro lado do seu rosto com um gancho de esquerda. Meu professor de Krav Maga nos fazia praticar com as duas mãos, ele ficaria feliz em saber que estava funcionando.
— Meu Deus! Para de falar merda! — aquele era mais um pedido do que uma repreensão. Eu não estava no controle do meu corpo.
Segurei minhas mãos contra o peito, sentindo certo desconforto nelas — para não dizer dor. Além de servir como conforto, me inibiria para um próximo golpe.
Com a boca entreaberta, ele massageou a maçã do rosto.
— É o momento errado para dizer que estou orgulhoso? Ainda mais com a mão esquerda? Foi muito bom. Sei que você é destra.
O QUE, RAIOS, ELE ESTAVA DIZENDO?!
— Deve ser uma das únicas coisas que você sabe sobre mim agora. Que porra você pretendia jogando Rafael pra cima de mim?!
Ele respirou fundo devagar, sem pressa para falar. Ambos sabíamos que não importava o que dissesse, não isentaria sua culpa. Eu estava num processo de desabafo, não a fim de uma conversa civilizada.
— Eu só... queria que fosse feliz — respondeu sério, o queixo duro como se preparasse para outro soco.
De fato, o cerco que fiz em volta do meu peito não foi funcional, mas agora meus punhos se chocavam contra seu tronco num todo, seguidas vezes, misturados com minhas gemidas de esforço e frustração.
— Eu só precisava de você para ser feliz! Seu idiota!
Justin me deixou descontar minha ira toda em seu corpo feito um saco de pancada petrificado até que minha carga emocional sugasse minha força física, tirando a firmeza dos meus joelhos de modo que eu desabasse sobre eles. Ele me pegou antes que eu atingisse o chão, me lembrando vagamente do dia da explosão, mas era Ryan que me segurava.
— Você não precisa de ninguém pra ser feliz, Faith — ele sussurrou em meu ouvido — E essa foi uma das coisas que sempre admirei em você. Uma pessoa como eu nunca deveria ser capaz de roubar sua luz.
De forma entrecortada, por causa do choro que nunca cessava, respirei o perfume de seu pescoço quente. Quis levar minhas mãos, no momento fechadas e esmagadas contra nosso corpo, até sua nuca. Mas eu só precisava ficar quieta esperando a inflamação que a ferida tinha deixado passar.
Algumas questões ainda não esclarecidas infestaram meus pensamentos, dando um sentido diferente ao seu toque, e até mesmo ao seu aroma. Por isso, fui motivada a me afastar. Agora mais do que antes, era como abandonar uma parte da minha carne. Me abracei, afundando meus dedos na pele dos braços cobertos pelo macacão ridículo depois de limpar meu rosto pela milésima vez.
— Faith? Está tudo bem? — a voz de Rafael veio carregada de reservas pelo ar fresco.
Parado na porta de braços cruzados, representava uma clara fortaleza, ameaçadora para Justin e reconfortante para mim.
Fiz um rápido sinal com a cabeça, que não foi levado em conta por ele, permanecendo ali como meu guarda costas.
A expressão de Justin ficou impassível outra vez. Ele apontou com a cabeça para a cabana.
— Você deveria entrar, descansar e comer alguma coisa.
— E você?
— Quer saber se vou entrar?
Arqueei uma sobrancelha, aquilo era óbvio demais para que eu precisasse responder.
Ele deu de ombros.
— Sei quando não sou bem-vindo em um lugar.
Uma vez, quando tinha meus sete anos, minha mãe me levou ao shopping com ela, e quando estávamos dentro de uma loja de roupas, me distraí entre as araras e corredores, usando minha criatividade para criar uma realidade alternativa divertida. Meu sorriso sumiu imediatamente assim que percebi que a tinha perdido de vista. A loja era enorme, pessoas desconhecidas e apontadas como mal-intencionadas para mim desde o berço — não fale converse com desconhecidos, eles podem te sequestrar — andavam para todos os lados, algumas lançavam olhares simpáticos demais para mim. Eu fiquei apavorada e não queria demonstrar a ninguém para que não se aproveitassem da minha vulnerabilidade.
Bom, o sentimento agora era o mesmo, um pavor terrível de o perder de vista que me dava enjoos. Um pavor que eu não queria demonstrar.
— Como se isso te impedisse de alguma coisa — respondi ríspida, uma tentativa ridícula de lhe incentivar a ficar — Ryan disse que não devemos ficar perambulando por aí para que não descubram nossa localização. Se você estragar tudo, eu arranco suas tripas com um canudinho — reforcei.
Ele tentou não demonstrar que achara engraçado e olhou de Rafael para mim, cético.
— Tem razão.
Ficamos os dois parados. Quanto a mim, eu só queria ficar ali sozinha com ele por mais um tempo, mesmo que fosse brigando. Me sentia satisfeita em poder ficar brava e lhe dirigir palavras agressivas.
— Damas primeiro — apontou para a porta.
Fiz questão de não me mexer, teimosa. Eu não o perderia de vista em nenhum segundo. Justin semicerrou os olhos para mim, desconfiado, mas passou na minha frente. Rafael abriu espaço para que entrássemos, encarando Justin de cabeça erguida, uma atitude comum de um irmão mais velho — embora mal nos conhecêssemos para caracterizar algum vínculo afetivo concreto —, e nada inteligente, tendo em vista para quem se dirigia. Justin devolveu o olhar com uma superioridade quase natural para sua pessoa, como se fosse, de fato, membro da realeza. Secretamente, sempre imaginei que ele podia desafiar um leão com sua postura, feito um filme do Tarzan.
A sala e a cozinha estavam vazias, então pressupus que Caitlin e Ryan estivessem brigando em algum dos quartos. Uma briga estranhamente silenciosa, já que não conseguia ouvir seus gritos. Justin se sentou no sofá com tranquilidade, apoiou o cotovelo e começou a passar a ponta do dedão e do indicador no lábio distraidamente, a atenção completamente voltada para mim. Nem mesmo o tempo pudera roubar sua característica singular de transformar majestosamente um ambiente antes sem cor. Se Rafael não começasse a falar, eu ficaria petrificada no meio da sala como um cachorro na vitrine do açougue.
— Sua amiga me contou.
Rafael se encostava na lareira apagada, uma bolha de indignação contida o cobria da cabeça aos pés. Eu não sabia o que exatamente Caitlin havia dito, então esperei que continuasse.
— Sei que Maya quer te fazer mal porque você a usou pra descobrir alguma coisa; que aqueles dois no jogo são amigos dela e por isso te levaram, e ao contrário dela, não querem te machucar. Eles apenas queriam terminar de te passar a informação porque também estão interessados no resultado, mas você não sabia dessa intenção e por isso lutou contra. Sei que esse cara — ele apontou o queixo para Justin — é seu ex otário que sumiu do mapa e agora reapareceu do nada, deixando tudo mundo furioso. E se quer saber o que acho, Caitlin não chegou a confirmar, ele é aquele jogador que estava junto da loirinha no campo, o que não pode significar boa coisa.
— Cuidado com a linguagem — Justin lhe deu aquele sorriso duro pontiagudo.
Caitlin passara a informação de forma mais superficial possível — e tenho certeza que só o fizera para poder difamar Justin para mais alguém — deixando os detalhes por minha conta, á que pelo menos ela sabia quando alguma coisa competia a mim. Precisei apenas de meio segundo para concluir que preferia que Rafael não soubesse a espécie de problema com que eu estava lidando. Ele não precisava entrar nesse mundo completamente incapacitante em que nem mesmo a polícia podia ajudar. Ryan mesmo dissera, quanto menos soubesse, melhor.
O assunto predominante em minha mente, entretanto, se resumia ao modo que ele usara para se referir ao Justin. Meu ex otário. Agora que eu sabia que ele estava vivo, era isso que representava para mim? Não chegamos, tecnicamente, a terminar, certo?
— Ouça — ele se voltou completamente para mim, ignorando Justin e seu mal humor — Eu não pedirei que me conte no que está envolvida, mas queria que soubesse que pode contar comigo, eu te ajudarei no que for possível — os cílios grandes de Rafael fizeram sombra embaixo de suas pálpebras, reforçando a intensidade de suas palavras. Me lembrei do dia anterior e em como me senti confortável perto dele, quase me fazendo esquecer meus problemas elefantosamente gigantes.
Qualquer um ficaria desconcertado sendo alvo do olhar extremamente expressivo partindo de um homem daqueles. Eu não me excetuava a regra. Retribuí com um sorriso amarelado, mas, genuinamente grato. Se fosse comigo, eu bateria o pé até que me contassem o que estava acontecendo. Não gostava de ficar por fora das coisas — muito menos se fosse indiretamente envolvida.
— Eu agradeço. Não queria te meter nisso, desculpa. Prometo que resolvo rápido e provavelmente amanhã você retorne à sua casa —eu disse. Ele apenas franziu o nariz e balançou a cabeça, como se não se importasse — Annelise te machucou muito? — preocupei-me, atentando meus olhos a um leve inchaço em seu braço esquerdo.
— Não. Tá tudo bem.
— Quer um pouco de gelo? E a cabeça?
— Gelo seria bom.
Calculei a distância entre a cozinha e Justin, me perguntando se conseguiria vê-lo de lá. Descartando minhas preocupações, ele se colocou em pé com um suspiro.
— Quem está com fome?
Segui-o até a cozinha, abrindo a geladeira enquanto ele fuçava nos armários. Tirei a fôrma de gelo quadrada e transparente do congelador, enrolando quatro das pedras no pano de prato que encontrei em cima das louças no escorredor.
Rafael estava bem atrás de mim, então só precisei me voltar vagamente em sua direção para lhe entregar.
— Obrigado — agradeceu.
Justin havia colocado uma panela funda e cheia de água no fogo, o macarrão extrafino estava na pia. Eu não podia acreditar que ele cozinharia mesmo.
— Você tem alergia às massas, Rafael? — seu tom de voz estava neutro.
— Não.
— Ótimo.
Indaguei-me o quanto Justin se divertiria se causasse uma reação alérgica em Rafael. Mas ele se concentrava demasiadamente no que fazia para que eu pudesse interpretar sua expressão. De repente, a cozinha ficara pequena demais para nós três.
— Faith, por que não vai tomar banho enquanto preparo o jantar?
— Está sugerindo que estou fedendo?
O canto de sua boca se esticou com humor.
— Longe de mim dizer uma coisa dessas.
A ideia de me afastar dele me dava calafrios. E deixá-lo sozinho com Rafael não me parecia uma ideia muito inteligente. O cheiro de inimizade poluía o ar, contrastando com sua “boa vontade” de nos unir como um casal.
— Sério, você precisa dar uma relaxada. Nós vamos ficar bem.
O encarei. Por que ele queria tanto que eu saísse de perto?
— Eu vigio para que ele não envenene a comida — Rafael incentivou.
Os dois me queriam fora. Com certeza não resultaria em boa coisa. Fiquei alguns instantes os avaliando. Acabei concluindo que aquele era o tempo propício para tomar um banho se quisesse. Justin estava ocupado, o que lhe dava menos chances de desaparecer. Rafael também lhe serviria de distração, estava claro que queriam falar sobre coisas que não falariam na minha frente. E eu não precisava me preocupar tanto, não? Os dois eram bem grandinhos para se cuidarem sozinhos.
Mentalizei Annelise e seu cabelo macio com cheiro de lavanda, o corpo exalava uma essência fresca e convidativa essa tarde. Bem ao contrário de mim, no momento. Eu necessitava, urgentemente, de um banho.
Levantei um dedo como advertência para os dois.
— Eu volto em cinco minutos. Não ousem sair daqui ou enfiarem coisas um no outro.
Os dois pararam para me jogar um olhar mortal. Percebi o duplo sentido que poderia ter a última frase e tive que me segurar para não rir alto, levantando um ombro para demonstrar que não me importava com as interpretações que quisessem fazer.
Praticamente corri até o quarto depois de dar uma boa olhadela em Justin. Me arrependi segundos mais tarde por me privar de vê-lo pelo período de tempo que fosse, com um nó no estômago. No chão do quarto estavam espalhadas todas as minhas coisas. Eu ainda não havia arrumado a bagunça que fizera madrugada passada. O motivo daquele caos confrontou minha consciência atual. Resgatei um short e camiseta sem prestar a atenção devida. Se a roupa estivesse rasgada, eu não perceberia.
Num piscar de olhos, me vi de volta à cozinha. Consegui respirar quando notei Justin em frente ao fogão, fritando bacon. Ele e Rafael me olharam sobressaltados, a linha firme na boca de ambos me pareceu estranha.
— Já tomou banho? — Justin perguntou, mesmo sabendo a resposta.
— Não.
Outra corrida até o banheiro do quarto e uma nova onda de arrependimento ao fechar a porta. Me despi em tempo record, só me lembrando depois de abrir o armário em busca de sabonete, shampoo e condicionador. Encontrei-os ainda embalados e os abri enquanto me enfiava ligeiramente embaixo do chuveiro. Derramei uma porção de shampoo direto do frasco em meu couro cabeludo e esfreguei até as pontas como fazia para aquecer canetas que não funcionavam. O cheiro doce de morango se concentrou quando a água lavou a espuma que eu tinha feito. Enquanto deixava o condicionador se fixar em meu cabelo, passei o sabonete numa esponja e esfreguei em meu corpo com força para compensar a rapidez. Enxaguei o restante do produto e agarrei a toalha banca, me colocando fora do box. Não fiz um bom trabalho em me enxugar, mas passei de uma vez as roupas por minhas pernas e braços. Peguei a escova de cabelo redonda na primeira gaveta e passei violentamente em meus fios. Hanna teria um infarto com a cena, era extremamente cuidadosa com seu cabelo. Dizia aquelas frases que ganhávamos em biscoitos da sorte como “Você colhe o que você planta”. Então se queria um cabelo comportado e agradável, deveria tratá-lo com carinho. Eu não tinha tempo para carinho.
Foi preciso apenas uma olhada distraída no espelho para meu reflexo me chamar atenção. As olheiras estavam mais fundas; minha pele parecia suja e ressecada, cravos e espinhas salpicavam minha testa, uma parte da bochecha e o nariz; mesmo molhado, meu cabelo parecia gritar por socorro; e todo o meu rosto estava inchado como se eu fosse um boneco de posto de gasolina. Resumindo, eu estava com a aparência de um filhote de avestruz que cruzou com um bode. Perfeito, Faith. Muito bom.
Nem mesmo aquele ataque de autoestima baixa e insegurança me deteve no banheiro. Mandei um dedo do meio para o espelho e atropelei meus pés para confirmar mais uma vez que, teoricamente, eu não estava louca e Justin cozinhava no cômodo ao lado. Parei na entrada quando ouvi o murmúrio agressivo.
— Já disse que não tem com o que se preocupar. Não estou interessado nela.
— Então você é mesmo apenas mais um idiota, não é? — Rafael respondeu com a voz firme — Ela merece mesmo muito mais, aliás.
— Fiquei à vontade, vocês combinam. Não vou ficar por muito mais tempo, não se preocupe.  

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