Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

One Love 27

— Sua mãe vai ter um infarto — Hanna lamentou, avaliando comigo nossa obra em seu espelho grande na parede do quarto rosa bebê.
— Gostei — conclui satisfeita. O vestido simples sem mangas deslizava por minha pele em tule preto transparente até os pés. Embaixo dele eu usava apenas um Hot Pants e sutiã da mesma cor. Para os meus pés escolhi uma sandália de salto preta. Hanna reivindicou a responsabilidade de me maquiar nas cores que combinavam com o vestido e um batom vinho matte. Finalizamos com uma gargantilha de veludo preto e um brinco pequeno de prata com pedra preta. Deixei meu cabelo livre, leve e solto, portando sua natureza rebelde volumosa e ondulada.
— Gostou de como está vestida ou da possibilidade da sua mãe morrer do coração? Sabe bem como ela leva a sério essas coisas de pudor. Para essas festas principalmente.
Se eu não visse de perto a relação tensa que Eleanor e Hanna tinham, diria que minha amiga passara a tarde toda defendendo minha mãe, insistentemente tentando me dissuadir da minha causa. Hanna achava engraçado quando eu desafiava meus pais, até mesmo empolgante, e na maior rebelião dava para trás?
— Não podemos negar que você vai mesmo chegar com barulho. Uma entrada dramática. Ótima para furos de imprensa.
— Não estou ligando para o que eles pensam — desdenhei — Agora você está uma verdadeira princesa.
Hanna rodopiou em seu vestido de seda rosinha de gala com um decote simples em V caindo gentilmente em seu corpo, e terminou com um beijo no ombro. Estávamos praticamente dois opostos. Sua maquiagem leve era tão natural que podia passar despercebida. Da mesma forma, ela continuava elegante. Sua graciosidade inerente já garantia que chamasse atenção. Talvez ela tivesse percebido isso agora para gradualmente abandonar a maquiagem.
— Obrigada, querida.
— Podemos ir agora? — verifiquei as horas no celular, a festa já começara há vinte minutos, gastamos mais tempo do que o esperado nessa produção toda. A última notícia que recebi de Justin e Ryan era sobre estarem prontos e a caminho, recomendando que nos encontrássemos lá. Nosso suspeito aparentemente ainda não pousara. A pulga atrás da minha orelha estava inquieta.
— Claro! — e antes que eu pudesse dar um passo em direção a porta, continuou a falar — Podemos ter dois minutos de sinceridade antes de encontrarmos as meninas?
Como uma pessoa envolta por segredos, assumir uma postura defensiva não parecia desprovido de lógica. Por fora, porém, abri um sorrisinho terno e juntei as mãos.
— Como quiser. Há algo que queira me contar?
Previamente, eu sabia que o assunto se referia a mim, seus olhos se atentavam cuidadosamente a minha linguagem corporal. Não de forma agressiva, mais curiosa e compreensiva.
— Pode me contar o que aconteceu com você?
— O que quer dizer?
— Não sei como explicar. Você parece tão... melhor. Mesmo com todos esses problemas, parece que voltou a ter aquele brilho no olhar. Reparei durante o dia todo. É claro que está inquieta o tempo todo, e com motivos, mas não mais... se afogando em dor. E isso é ótimo — acrescentou rápido para que eu não fizesse interpretações indesejadas — Só quero saber o que mudou, como fez isso.
Eu realmente pensei que Hanna, Hanna Marin, não notaria alguma coisa diferente?
Abri a boca muitas vezes para responder. Em nenhuma delas tive uma resposta na ponta da língua. Eu não podia mentir para aqueles olhos compassivos e grandes, me sentiria, no mínimo, um monstro.
— Tem a ver com Rafael? — me incentivou, mais ansiosa.
Rafael certamente podia ser um ponto de conforto. Porém, absolutamente não era o responsável por eu não mais me sentir amarrada em um espeto rodando numa churrasqueira.
— Ele é uma ótima pessoa, mas...
— Mas nada — me interrompeu, o sorriso ligeiro esperançoso — Vamos dar tempo ao tempo. No final, tudo vai se encaixar.
Não menti, só que do mesmo jeito me julguei uma péssima pessoa. Hanna interpretara meu receio de modo errado, afobada do jeito que era, e eu não podia lhe contestar sem apresentar minhas motivações.
No andar de baixo, Caitlin e Maya também já estavam prontas, sentadas cada uma em um sofá. O dia de meninas se mostrou ineficaz em extinguir a rivalidade e desconfiança — por minha parte também —, porém, acalmou os ânimos. Aliás, o convite de nos arrumarmos todas na casa de Hanna partira da própria. Todas escolheram vestidos formais, um vermelho para Maya com decote até o umbigo e verde tomara que caia para Caitlin. Eu tentava não pensar muito na ideia de estar expondo praticamente meu corpo todo, coisa que me deixava completamente desconfortável.
Maya faiscou de empolgação ao me ver. Caitlin riu.
— Não podemos negar que está estilosa — pontuou.
— Não há nada de errado com esse vestido, ele apenas não cabe para esses ambientes — Maya acrescentou com um sorriso maléfico. Tive a impressão de que se ela já não estivera em uma situação dessas, gostaria de estar. Exposição era praticamente seu sobrenome.
Por outro lado, a mãe de Hanna, uma figura de um metro e sessenta de altura — o que a proporcionava, ou abençoava como costumava dizer, a abusar dos saltos —, cabelos louros ondulados artificialmente até o meio das costas, arregalou os olhos sem perceber.
— Ah! — exclamou, surpresa — Precisamos buscar seu vestido em algum lugar antes de ir?
Uma forma bem singela de me acusar de estar pelada. Caímos na gargalhada.
Para alguém que não gostava de ser o centro das atenções, eu causaria uma impressão e tanto naquela noite. Já ajudava se o real contratante estivesse presente. Para agir, teria que me atrair a algum lugar mais privado onde olhos não me seguissem o tempo todo me taxando de escandalosa e inconveniente. Hanna havia dito que especulavam se eu havia me tornado uma espécie de Miley Cyrus. Pois bem, eu lhes daria Miley-Wreaking-Ball.
Conforme eu me aproximava da casa, tive impressão que colocaria tudo para fora, sem deixar as tripas isentas dessas. Pensei em como Justin conduziria a investigação se nem dar as caras ele podia. Pensei — e quando o fiz tive um arrepio na espinha — na possibilidade de ser verdade e em como aquilo nos afetaria. Pensei que talvez eu estivesse exagerando em provocar Eleanor de tal modo em seu aniversário. Pensei em como eu realmente detestava — tinha pavor — em ser produto de curiosidade de olhos julgadores e andar com poucas roupas. Pensei em conciliar tudo isso com Maya ao meu lado sem deixar que soubesse o que acontecia. Acabei concluindo que eu fizera um grande ensopado de esterco, sabendo que o derramaria inteiro na minha cabeça.
Não dei um passo para fora do Honda Acord prata da Sra. Marin e desejei ardentemente dar meia volta.
— Respire fundo — Hanna me incentivou, o braço se enlaçou ao meu como apoio.
Fiz o mais parecido que podia com um meio sorriso e avançamos. Quase deixei de perceber que a frente do imóvel em que cresci não se abarrotava de carros elegantes como acontecia sempre que fazíamos festa. O volume diminuíra no mínimo em 1/3.
— Estamos mesmo atrasadas? — conferi a hora mais uma vez. Eleanor fazia questão de chamar a maioria das pessoas que conhecia para suas comemorações de aniversário.
— Sim. Estão a nossa espera.
Reconfortante era ter confirmado que minha presença era esperada. Como se eu precisasse de mais alguma coisa para chamar atenção. Verifiquei mais uma vez se Justin respondera minha mensagem de “Já chegaram?”, mais nervosa do que o esperado. Pensei em ligar pra ele, mas antes troquei um olhar com Caitlin para saber se já estávamos prontas para entrar. Se colocando ao meu lado esquerdo, ela assentiu pra mim.
Expirei e segui o caminho da entrada com a sensação de que a casa era maior do que eu me lembrava. Para alguém que vivera em um apartamento, eu finalmente me questionava por que quatro pessoas precisavam de tanto espaço assim. Os três andares estavam iluminados, embora eu duvidasse que tivesse alguém até o segundo. Diferente da maioria dos imóveis por ali, o nosso se construía em tijolo vermelho, uma medida preventiva de Bryan que basicamente nos salvou quando ocorreu o incêndio em meu quarto ano passado. Se o material se limitasse a madeira, perderíamos praticamente a casa toda. O telhado vintage era pontiagudo nas pontas da casa e menor no meio, como se fosse a junção de três casas em uma só. Meu quarto — ou meu antigo quarto — ficava na ponta da esquerda, vendo de frente. E desde pequena, me sentia como uma princesa numa torre. Bem como esperava papai noel descer por nossas duas chaminés. A ideia de restaurar uma casa antiga fora de Eleanor, ela adorara o charme desde a primeira vez que a vira.
No momento, a entrada de casa contava com no mínimo uns oito seguranças, um para cada janela grande, e mais dois para a porta. E eu não conhecia nenhum deles. A ideia da torre de um castelo não me parecia tão absurda agora. Nos identificamos com o careca de pele escura que tinha cavanhaque bonito e olhar marcante. Se eu conseguisse me interessar por outra pessoa, ele com certeza entraria na lista.
— Faith Evans? — ele me olhou curioso quando dissemos meu nome por último, fixando-se em meu rosto — Seja bem vinda de volta, senhorita.
— Obrigada.
A porta foi aberta enquanto ele estendia a mão educadamente para que passássemos. Por minha visão periférica, eu percebia as sobrancelhas de Maya um pouco elevadas, fixando-se no segurança com exacerbado interesse. Ninguém podia culpa-la. Invejei o sorriso que ela abriu para ele, um misto de sedução, mistério e reserva que com certeza surtiu algum efeito. O homem apertou minimamente mais os olhos. Se eu soubesse sorrir assim conseguiria manter o interesse de certas pessoas em mim.
A sala de entrada se emaranhava com o aroma de um aromatizador de rosas e a inconfundível essência de gente fútil. Como enfeite, alguns vasos de flores peculiarmente azuis se empoleiravam nos cantos, e uma fita da mesma cor abraçava o corrimão de nossa escada como um cacho de cabelo. Havia mesmo uma fênix de gelo de quase um metro centralizada no fundo da sala?
Antes que eu pudesse fazer um comentário de deboche com Hanna, brotou uma mulher com um coque elegante e vestido preto básico até os joelhos portando uma bandeja de champanhe nas mãos.
— Bem vindas, senhoritas. Posso oferecer uma taça?
A julgar sua desenvoltura, Bryan e Eleanor haviam contratado uma recepcionista para a festa.
Todas pegamos uma taça e ela sorriu com aprovação, prestando mais atenção em mim.
— Senhorita Evans, seus pais estavam ansiosos por sua presença — deu meio giro, dando-nos novamente vista para as pessoas alocadas com taças parcialmente cheias em suas mãos.
Havia em média apenas umas vinte pessoas. Consequentemente, quarenta olhos fixados em nossa entrada. Para ser mais exata, na minha pessoa, terrivelmente perplexos. Senti o rubor violento ameaçar tomar conta do meu rosto e o proibi veementemente. Eu não tinha motivos para estar envergonhada.
Elevei o queixo e estiquei a boca de lado confiantemente como eu vira uma das mulheres assassinas fazer na televisão. A referência não era muito boa, entretanto, as pessoas tem mais dificuldade de rebaixar alguém confiante. Localizei Bryan e Eleanor no centro da sala de braços dados e combinando tons de azul. Não posso negar o leve aperto que senti no peito assim que coloquei os olhos neles, mas ignorei o sentimento e centrei na expressão de desaprovação que eu sabia tomar conta do rosto de ambos.
Estranhamente, seus traços apontavam certo toque de adoração devota. Caleb estava bem ao lado deles, então não dava para cogitar que estivesse perto de mim para justificar o teor da emoção que lançavam à porta. Ao se acostumarem com a minha presença, repararam o que eu vestia e aquilo lhes deu um breve franzir de sobrancelhas que sumiu quase na mesma hora. Eleanor deitou a cabeça minimamente, umedecendo sua íris castanha e sorrindo com ternura.
Aquela definitivamente não era a reação que eu esperava. Me quebrou no meio.
— Vamos nos aproximar — Hanna tomou a frente, me puxando de minha paralisia.
Quando dei por mim, já estávamos em frente a eles, e eu ainda não sabia o que dizer. O ambiente pareceu silenciar, deixando a responsabilidade sob Chopin com Nocturne op.9 No.2. Honestamente, dessa eu gostava. Devia ter alguma relação com minha mãe colocá-la para mim quando eu ia dormir desde que eu me lembrava.
— Boa escolha de repertório — elogiei, uma vez que todos me esperavam dizer alguma coisa.
Eles ampliaram os sorrisos, mas também não sabiam o que mais fazer. Pareciam tão vulneráveis que era covardia jogar os raios e trovões que eu preparei.
Estendi a mão para Eleanor.
— Feliz aniversário adiantado.
Ela olhou para minha mão.
— Posso te dar um abraço?
Pensei e repensei mais vezes do que posso contar, mas acabei cedendo.
Minha mãe me tomou em seus braços com cuidado, e só depois de perceber que eu não soltaria espinhos, se acomodou junto de mim o máximo que podia. Por um instante fiquei irritada. Eles não podiam confrontar tudo o que eu construíra assim, de uma hora para outra. Como um ponto de firmeza, eu podia ver a fênix de gelo da posição em que estava, me lembrando que as coisas que me afastaram dos dois não haviam mudado. Assim, me desvencilhei dela e estendi a mão para Bryan. Ele não recusou o gesto, mas mesmo assim me acolheu com a expressão suave. Difícil era ver Bryan com uma fisionomia assim.
Repentinamente, as portas da sala de estar se abriram e um coro saído de lá gritou: SURPRESA! Papéis laminados azuis se espalharam pelo ar quando explodiram tubos lança confete. Eu ainda tentava assimilar o que estava acontecendo quando a voz de Rihanna cantou:
— Don’t try to hide it, I’mma make you my bitch cake cake cake cake…
Hanna pegou os dois lados da minha cabeça e a direcionou para o centro da sala de estar. Os móveis cediam lugar para um mini palco onde ninguém mais, ninguém menos que Rihanna, trabalhada numa saia de couro apertada com uma fenda na coxa e camisa de alça do mesmo material, apontava o dedo para mim.
— Feliz aniversário, Faith Evans!
Eu passei segundos inteiros encarando aquela figura de queixo caído. Depois procurei respostas na minha melhor amiga que dava pulinhos empolgados toda radiante. Parti então para explicações em Caleb, ele segurava o queixo, numa expressão estranha entre diversão e pesar. Ao captar meu olhar, deu de ombros. Bryan e Eleanor tinham sorrisos gigantes no rosto. Gradativamente entendi que era uma festa surpresa de aniversário, mesmo que quinze dias atrasada, para mim.
Rihanna continuou a falar:
— Espero que tenha uma noite agradável hoje. Suba aqui para eu lhe dar um abraço.
Precisei ser empurrada por Hanna para me mexer. As pessoas abriram caminho para que eu chegasse até o palquinho e majestosamente Rihanna estendeu a mão para me ajudar a subir os três degraus — precisei mais do apoio do que pensava. Quando estávamos no mesmo nível, envolveu seus braços nas minhas costas toda presunçosa. Além de maravilhosa, talentosa, tinha um perfume muito bom.
— Meu Deus do Céu, é um prazer conhecer você — murmurei, surpresa que palavras coerentes fossem comandadas por meu cérebro em choque.
Ela deu sua risadinha graciosa em meu ouvido.
— Igualmente! — então se afastou para me olhar de cima a baixo — Uau, que mulher! — falou no microfone. 
Murmúrios de aprovação encheram a sala. Dessa vez, não pude conter o rubor em minhas bochechas. 
Pai Eterno a deusa grega aprovara minha aparência física.
— Essa é especialmente pra você, Faith! — Rihanna levantou minha mão e serpentinas de papel colorido caíram sobre a sala. Como um comando geral, a luz da sala de entrada apagou e o jogo de luz deltrônica passou a varrer os cômodos. O Dj que a acompanhava soltou o playback de Don't Stop The Music. 
Fui me afastando conforme ela começou a cantar, dividindo sua atenção entre mim e as pessoas abaixo de nós. Eu não sabia o que fazer em cima do palco — para ser justa, não só em cima dele, completamente desajustada. Me preparei psicologicamente o dia todo para vir a festa de Eleanor confrontar os suspeitos de contratarem uma Companhia de assassinos para me matar e me deparava com Rihanna na minha sala de estar? Uma cabeça só não daria conta daquilo.
 Mal desci as escadas e Carmen estava correndo na minha direção de braços abertos.
— Que saudade de você! Como está maravilhosa! Feliz aniversário!!!
No fim, minha roupa não era tão inadequada para a ocasião.
Essa foi a sequência da minha meia hora seguinte. Meus ex colegas da faculdade estavam todos ali, os que eu me dava bem pelo menos. Eu sabia que tinha mão da Hanna nessa festa por: primeiro, Rihanna estava cantando em uma festa minha, segundo, todos os rostos que eu via eram de pessoas que eu me dava bem. Com a exceção mínima de Clarissa, a qual veio me cumprimenta grudada na mão de Charles, e nem para me abraçar soltara o coitado. Ela estava com um vestido prateado tão brilhante que eu apostava que a destacaria mesmo que estivéssemos pisando no sol. Depois de me desejar felicidades se desembestou a falar como ela e Charles estavam apaixonados, afirmava de pés juntos que ela sabia que os dois ficariam juntos desde que colocou os olhos nele. O veneno básico que eu tinha dentro de mim quis perguntar se ela também o sabia quando ele me beijou em sua festa de aniversário, e, se estavam tão apaixonados assim, por que eu tinha impressão de que jogava alguns olhares de rabo de olho para Caleb? Uma pena que Charles não merecesse isso. Aliás, ela mal o deixou me cumprimentar.
— É ótimo que você possa estar aqui essa noite, Clarissa, agora nos dê um momento — Han deu um sorriso tão simpático que quem não a conhecesse pensaria estar sendo genuíno. Ela se enroscou no meu braço outra vez e foi me puxando para o canto.
— Barbiezinha, o que é isso? — Caitlin finalmente espumou o que queria dizer desde que estouraram o tubo lança confete.
Hanna tentou conter toda sua empolgação para me explicar, visivelmente preocupada.
— Planejamos essa festa há tempos, Faith, e eu cancelaria mesmo depois de tudo isso, mas você disse que não precisava cancelar. Pensei que não faria mal que não soubesse a verdadeira intenção dela.
— É lógico que faz toda a diferença. O que merda você estava pensando?! Por que não contou pra gente? — Cait prosseguiu com a ladainha.
Hanna não olhou pra ela, mas começou a roer as unhas de nervoso. Uma criança de cinco anos esperando a bronca dos pais depois de desenhar nas paredes da casa de canetinha. Mensurei os estragos que aquilo podia fazer e concluí que de fato não faria muita diferença. Era mais agradável que os convidados tivessem realmente alguma relação comigo — com exceção de alguns amigos dos meus pais que estavam na entrada da casa — e eu não via a imprensa se esgueirando pelos cantos também. Os detalhes foram planejados para me agradar, até mesmo nas cores. O momento não era propício para festa e trazer alguém como Rihanna para esse meio conturbado era desesperador, entretanto, como eu podia dar uma bronca em alguém que se esforçou tanto para tentar me fazer feliz?
— Você realmente conseguiu trazer a Rihanna, hein?
Hanna reluziu.
— Você viu?! Ela ainda concordou em fazer uma setlist especial. E eu tive que convidar a Clarissa para ver isso também, lógico! Aí ela já espalha pra todo mundo que a dona das festas é você!
Dei uma risadinha. Me preocupar com a rivalidade que tínhamos com Clarissa parecia a coisa mais besta a se fazer naqueles tempos.
— Ela não esperava por essa, tenho certeza.
— Então não está furiosa? — Hanna juntou as mãos, era mais um pedido do que uma pergunta.
— Como poderia ficar furiosa com você?
Ela me esmagou num abraço de leão.
— OK! Então podemos nos divertir e ainda cumprir a missão secreta. Onde está nosso alvo? — Han fez uma posição de ataque “superespiã” — Ah! Eu tenho que trocar de vestido. Posso fazer isso rapidinho? Ele já está aqui na sua casa, Caleb trouxe.
Caitlin grunhiu e virou a taça de champanhe na boca.
— Claro, Hanna.
— Sintam-se à vontade!
Ela agarrou o braço de Caleb e saiu saltitante.
Caitlin olhou séria para mim.
— Essa sua amiga tem algum problema mental, não tem?
A repreendi com a expressão, mas ela estava ocupada com o celular.
— Onde estão aqueles abutres?
Meu iMessage permanecia vazio. Olhei para a porta como se fossem aparecer todos por lá de repente.
— Claro — Caitlin resmungou — Ryan disse que estão chegando, eles foram até o aeroporto para escoltá-los.
— O que?! — eu arfei.
Imediatamente, disquei o número de Justin. Esperei na linha até cair na caixa postal. Duas vezes.
“Se você encostar neles eu vou cortar seu pinto, Justin Drew Bieber.”
Sem respostas.
“Nós combinamos. Você lembra?”
Nada.
“Eu juro pra você que se quebrar mais uma promessa pra mim eu te quebro no meio”
Só percebi que essa mensagem era emotiva demais depois que mandei. Então desisti de mandar ameaças. A tendência era só piorar.
— Fale para Ryan ordenar Justin olhar o celular — pedi para Caitlin.
Meio segundo depois ela me deu o retorno:
— Ryan disse que te ajuda a cortar o pinto de Justin se ele descumprir a promessa.
Maya foi a única a rir. Eu levava muito a sério minhas ameaças.
— Eu devia estar preocupada em como Justin vai entrar na festa? Ele com certeza não está na lista. E o tanto de seguranças que tem aqui limitam qualquer movimento.
Cait levantou as mãos como uma balança.
— Seguranças — pesou uma das mãos — Justin Bieber — elevou a que representava Justin com uma diferença gigante.
— Isso também me preocupa.
— Eles vão dar um jeito — descartou minhas preocupações.
— A gente pode pegar uma bebida de verdade? — Maya perguntou apontando para o barzinho improvisado perto do palco.
Não houve objeções. Havia nervosismo demais para o champanhe dar conta de tudo. Apanhamos nossos Cosmopolitan’s — para Maya Margarita —, e nos misturamos com a galera movida pela música. Eu balançava a cabeça e o tronco do corpo ordenadamente, levantando os pés de modo alternado, uma simulação de dança bem ridícula. Caitlin não se deu o trabalho de fingir, limitando-se a um balançar de cabeça genuíno de acordo com o ritmo, os olhos atentos a nossa volta. Maya se jogava na batida de forma tão resoluta que conquistava a atenção de pessoas a sua volta. Eu conseguia ver Kurt e Sam se preparando para falar com ela. Claro que ela também sabia dançar. Se Rihanna não estivesse no cômodo eu diria que roubava toda a atração para si. 
Lamentei que presenciasse seu espetáculo em uma situação daquelas. Toda a performance daquela mulher era de chacoalhar o espírito. Mas eu só conseguia dedicar-lhe alguns dos meus segundos. Aquilo podia ser considerado um crime.
— Faith, pra cozinha. Eu fico com Maya — Caitlin me instruiu apressada.
Seu tom e expressão não me davam tempo para perguntar. Meu primeiro pensamento foi Justin, então praticamente atravessei a sala correndo até chegar ao meu destino. Dei de cara com dois chefes com chapéu de cozinheiro e tudo preparando os lanches, pessoas uniformizadas em tons de azul saindo e entrando com bandejas. O primeiro que me viu centrou toda a atenção em mim.
— Olá, senhorita Evans. Tem algum pedido especial? Ou também não está se sentindo bem?
Ele já havia perdido meu interesse no “olá”, momento em que notei a elegância encarnada num terno grafite no fundo escuro da cozinha. Nunca poderia agradecer a Deus o suficiente a oportunidade de ver aquele homem de terno mais uma vez. Ninguém podia se equiparar a sua magnificência. Todas as outras coisas perdiam a graça perto dele. Justin franzia todo o rosto em minha direção, descaradamente avaliando meu vestido.
Se eu não estivesse tão desesperada para ter algum contato com ele, paralisaria bem ali, temendo sua opinião em relação ao meu vestido. De repente, me sentia nua. Não em um sentido aceitável. Alguém como ele já deveria ter visto corpos esculturais do mais diversificado tipo de mulher. Minhas formas não malhadas deviam ser motivo de riso.
Eu mal cheguei perto e ele disparou, cético:
— Não sabia que seu estilo de se vestir havia mudado tanto também.
Ouvir sua voz aquietou o alarme insistente no fundo da minha mente, o ar fluiu mais naturalmente para o meu pulmão, tudo estava em ordem novamente. Caoticamente ordenado.
Contive o impulso de levantar seu queixo. Quanto tempo mais ele precisaria para qualificar minha roupa? Talvez já julgasse como uma academia me faria bem.
Cruzei os braços na frente do peito, desejando que fossem maiores para cobrir tudo.
— Você demorou. E não cumpriu com o combinado — resmunguei a fim de redirecionar sua atenção.
Olhou-me nos olhos.
— Ainda estamos seguindo seu plano. Você não disse nada sobre uma proibição de buscá-los no aeroporto. Não cheguei nem perto, se é isso que te preocupa.
— Não dizer nada não gera presunção de aceitação. Posso perguntar como conseguiu entrar?
— Posso perguntar por que eu não sabia que seria uma festa pra você?
— Era surpresa. Posso perguntar por que não me respondeu mais?
— Posso perguntar onde estão suas roupas? — arqueou a sobrancelha adquirindo a prerrogativa de me dar mais uma olhadinha.
— Você não responde minhas perguntas. Não sou obrigada.
Ele deu um sorrisinho de canto.
— Vamos discutir ou podemos ir ao trabalho, aniversariante? Seus convidados de honra vão entrar a qualquer momento, por isso te chamei aqui.
Sim, eu desejaria passar mais algum tempo a sós com ele.
Uma onda de nervosismo corroeu meu estômago. Levantei um dedo.
— Lembre-se que…
— Você está no comando, estou sabendo. Podemos? — me estendeu a mão.
Entornei meus dedos nos seus sem pensar duas vezes e ele foi me puxando para a sala de jantar. As veias da minha mão mandaram o aviso para meu coração, e obedientemente, ele acelerou.
— Então Hanna contratou mesmo Rihanna? — ele puxou o assunto, talvez para quebrar o clima de tensão.
— Não há alguma coisa que Hanna não possa fazer.
Saímos pela porta da sala de jantar para a parte de trás da casa onde ficava a piscina, apertando o passo para entrar na sala de estar.
— Justin.... E se alguém te ver?
— Pourquoi l'inquiétude?*
Arregalei os olhos pra ele.
— É o que?
— Je suis un homme de l'ombre** — continuei com o ponto de interrogação na cabeça. Ok, ele era fluente em francês, e o biquinho que fazia para falar o deixava irresistível, mas...? — Je m'appelle Jason, je suis le cousin de Justin Bieber***.
— Eu vou bater na sua cara.
Ele riu.
— Se perguntarem, digo que sou primo do Justin. Mas ninguém vai prestar atenção em mim, sei ficar invisível.
— De verdade?
Ele me encarou. Eu ri.
— Eu não duvido nada vindo de você.
Coloquei a mão na maçaneta da porta, Justin apertou mais forte minha mão, requisitando minha atenção.
— Vou ficar suficientemente perto, uma olhada sua e entro em cena, ok? Não subestime nada — instruiu com firmeza.
Assenti rápido com a cabeça e entramos. Justin soltou minha mão, esgueirando-se pelas beiradas da sala. Parecia injusto que tivesse que passar o dia todo longe dele criando as mais loucas paranoias para termos menos de cinco minutos juntos. No resto, por mais que eu estivesse preocupada, podia ver que todos estavam tão interessados em Rihanna apresentando Where Have You Been que mal notaram o movimento ligeiro. Serpenteei entre eles até chegar à Caitlin outra vez. Não fiquei tão surpresa ao ver Kurt dançando com Maya. Cogitei se deveria avisá-lo do caráter duvidável dela.
Caitlin relaxou os ombros, aliviada por se ver livre da companhia exclusiva de Maya. Ainda mais agora que sobrava de vela.
— E então? — me perguntou.
Discretamente dei uma olhada para onde Justin estava da última vez. Quase fiquei afobada por não encontrá-lo, mas em seguida o localizei no bar. Só então me lembrei:
— E o Ryan? — instantaneamente me senti culpada pela negligência.
— Bieber queria chegar primeiro para estar ao seu lado, Ryan vai entrar atrás deles no máximo daqui um minuto.
Soltei o ar devagar.
— E Hanna e Caleb?
Cait apontou para a escada onde os dois desciam depressa. Hanna agora usava uma saia de cintura alta e um cropped. Paralelamente a essa percepção, notei a porta da entrada se abrir. Prendi a respiração.
Completamente a vontade, Nicole e Jean adentravam a festa.

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